Por Flavio Almeida
A banda Jundiaiense estreiou com seu EP em 2019, o excelente "Anomia. Omissão. Opressão. Ascensão." e desde então vem trabalhando as 4 músicas de forma muito criativa e inovadora! A temática, a cada música trabalhada, é pensanda, executada e abraçada pelas pessoas que acompanham o trabalho da banda! A bola da vez é a música 1403, uma crítica ao assassinato da vereadora Marielle Franco. E para dar cara a canção, os caras aproveitaram esse momento de pandemia para se reinventarem e lançarem esse baita trabalho feito por eles mesmos e com a participação das pessoas que estão sempre ao redor da banda, confere aqui esse lançamento inédito pelo Seguimos fortes e uma rápida entrevista logo abaixo!
Veja como foi a concepção e criação desse Web Clipe!!
FAlmeida - Vocês lancaram o EP em 2019 e pelo jeito a temática vai perdurar pois anos com a situação do Brasil. Vocês pretendem trabalhar esse EP mais durante esse período de isolamento?
Astronova - Primeiramente, obrigado pela oportunidade de falar um pouco sobre nosso trabalho. Valeu mesmo, sempre bom falar disso. O EP é um retrato baseado em 2018/19 mas vemos que é todo um contexto social que vem mudando, achamos que estes temas serão cada vez mais frequentes e que infelizmente vão perdurar por ao menos alguns anos, se não mais, tempo este enquanto governantes praticarem uma visão obliqua das necessidades do brasileiro. O EP ainda será trabalhado em 2020, entretanto já será preparado um material novo em breve, que vem na mesma pegada do primeiro EP.
FAlmeida - A Astronova é uma banda que caiu de cabeça nas LIVES. Vocês acham que isso será uma das modificações que irão durar pós pandemia? A música vai se profissionalizar com relação a LIVES?
Astronova - Acreditamos que a sociedade como um todo está repensando formas de vender, de trabalhar e as Lives são uma resposta pela falta hoje de entretenimento presencial hoje. Na nossa opinião, as lives vão permanecer mas que perderá força conforme a agenda dos artistas forem retomando, ainda mais porque hoje a grande maioria dos artistas não vendem somente música e sim todo um evento. E a parte social, dos amigos, as histórias vividas em show jamais serão substituídas por vermos do conforto de nossas casas.
Para bandas independentes, como nós, será um material indispensável realmente. As lives aproximam um público que não tem tanto acesso assim a shows, principalmente de bandas que dificilmente passarão ali pela sua cidade. Todo e qualquer material que faça com que a mensagem chegue as pessoas não deve ser descartado.
FAlmeida - Como surgiu a ideia de gravar esse WEB de 1403? Era algo que vocês tinham já em mente ou foi decidido em função do isolamento?
Astronova - Nos meses de Fevereiro, Março e Abril estávamos trabalhando a música Sociedade (clipe lançado no início de Março) com uma mini tour de 2 meses por são Paulo capital e algumas cidades do estado. Logo estávamos nos preparando pra próxima música de trabalho que seria 1403 e a ideia era iniciar as gravações de um clipe (produzido) em Abril / Maio, porém acompanhando as notícias já imaginávamos que seria bem difícil movimentar pessoas pra isso nos meses que viriam e trocamos os planos e daí surgiu à ideia do webclipe colaborativo que faz todo sentido com a atual situação no mundo. Vale falar também para cada música desse EP escolhemos trabalhar com uma cor específica, por isso toda a nossa comunicação muda de junto com a música de trabalho. Estávamos no azul médio usado em Sociedade e agora passamos para o amarelo que será usado em 1403.
Junior o baixista da banda, veio com a ideia inicial de fazer um clipe chamando amigos baseado num vídeo que ele viu antigo da banda Fidlar (By Miself, lançado em 2019). De início a sacada seria como fazer algo mais impactante e sentimental, devido toda história envolvida na criação e composição, e que causasse um impacto que convergisse ao tema da música. Nesse meio tempo começamos pesquisar algumas referências de clipes em “mosaico” e com participações de outras pessoas fora da banda, que seria o caminho a ser seguido. Assim começamos ter as ideias de chamar amigos para participar do clipe, que fosse tocando, com frases sobre o momento político atual e sobre caso Marielle/Anderson, dançando, cantando, deixamos bem para cada um escolher a forma que se sentisse melhor de se expressar. Criamos uma press kit que serviu como uma guia de nossa ideia e o que pretendíamos receber e enviamos individualmente para cada um dos participantes. E o resulto final foi incrível, muito melhor do que o esperado. A galera realmente se envolveu e abraçou a ideia. FAlmeida - Com toda a situação vigente do nosso país, com um fascismo claramente sendo instalado, vocês acreditam que em um futuro breve teremos uma avalanche de produções no cenário punk/ hardcore?
Astronova - Sim, com certeza! Todo cenário de conflito, de questionamentos, de diferenças de pensamentos, é um excelente pano de fundo para que fomente estas criticas por consequência produções. Aquela indignação que as pessoas sentem ao verem notícias e ações de um governo que não dá suporte coerente à população, que satiriza/debocha de situações críticas, que age com desdém, alimenta as pessoas a falarem e produzirem algo sobre, não só na música mas em todas as representações de arte e expressão. FAlmeida - Pra concluir aqui essa entrevista Fast Food, o que podemos esperar da Astronova pós pandemia, isso é, se ainda existir um mundo não é mesmo?!
Astronova - Olha, esperamos que reste um mundo sim! (rs) Melhor e mais sensato talvez, quem sabe?
O Astronova está com muitos planos que por motivos de “Estamos em Pandêmia” acabaram sendo tardados e remanejados. Focaremos na produção de novas músicas e outros tipos de conteúdos como Lives é um caminho mais certo hoje. A retomada de agenda de shows ainda é muito distante para nós, por isso vamos focar em conteúdos onlines, clipes e novas produções.
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