por Robson Assis
A esperança de tempos melhores tem sido o grande zeitgeist, o espírito do tempo dessa quarentena. Todos nós, independentemente da área de atuação, estamos bastante reflexivos sobre nosso papel tanto na sociedade, quanto em nossos círculos de amigos e em tudo que se relaciona com nossos hobbies, nossos sonhos.
Em meio a um turbilhão de lives gravadas e conteúdos diversos, na última semana descobri duas preciosidades bem no meio da cena independente: (a) o Vlog da Raio no Gato produções, mostrando o cotidiano do Estúdio Preset, um dos grandes pólos da música independente na zona sul de São Paulo e (b) a live plugada do Horizonte Cinza, que rolou no último sábado também por lá, uma das grandes surpresas pra cena, com uma qualidade impecável de imagem, áudio e transmissão, mostrando o peso e a urgência da banda da melhor forma possível.
Portanto, essa semana, o Seguimos Fortes conversou com o Diego "Saya" Belangier, representante do Estúdio Preset, fundador da Raio no Gato Produções e uma grande figura sempre presente no espaço. Em uma conversa brisa boa contando um pouco sobre o momento do estúdio e dos trabalhos de áudio e vídeo, Saya traça uma perspectiva sobre o futuro, conta sobre projetos do estúdio e muito mais. Confira essa conversa abaixo:
SF: A pandemia começou por aqui mais ou menos na metade de março né, mano, já estamos indo pro quinto mês, praticamente. Como foi o baque pra vocês no estúdio?
Bem, mano, é um assunto delicado, né. Todos nós sabemos que existe uma responsabilidade em cada pessoa. Pro estúdio foi uma coisa que machucou, tá ligado, meio que quebrou a ideia do negócio. Mas eu acho que foi a melhor solução em termos humanos o lance de se preocupar, de se responsabilizar pelo próximo. Em relação ao nosso estúdio, a pandemia causou um certo agrave. A gente tá numa correria muito forte pra ver se a gente se mantém, mas foi bem dificl porque teve que isolar, entender as normas de saúde, restrições e tal. Nesse caso, a gente esperou um pouco pra ver o que tava acontecendo de fato e o que o ministério da saúde ia orientar para as empresas. Então a gente ficou resguardado esperando soluções e estudando meios de trabalho pra manter as ideias.
SF: Nesse meio tempo vocês repensaram alguma coisa estrutural no estúdio? Fizeram alguma obra, melhoria ou adaptação enquanto estiveram completamente fechados?
A gente fez sim, mas na verdade bem antes da quarentena. Foi um pouco mal planejado, de certo ponto, porque a gente não previa o lance da pandemia né. Mas a gente fez um investimento e mudanças dentro do espaço sim. Não fizemos obras, mas compramos recursos para que o lugar tivesse mais qualidade sonora. Compramos amplificadores da Marshall, mesa de som, medusa, buscamos as origens do que o Preset sempre foi. E esse período foi um lance de reflexão e desenvolvimento para o próprio espaço poder chegar onde quer chegar, mas foi pesado. A gente fez umas adaptações de trabalho de áudio e vídeo e achamos que uma solução viável que era fazer lives.
SF: Conta um pouco sobre as lives que tem rolado no estúdio. Tem bastante gente da cena independente procurando esse tipo de trampo?
Como o Estúdio Preset e a Raio no Gato produções voltaram às atividades até na área de gravação e captação de áudio, a gente resolveu fazer as lives nós mesmos e encontramos recursos de produção à distância também. Mesmo assim, a demanda é muito pouca e a gente procura fazer nossos portfólios com o máximo possível de atenção pra poder encorajar as pessoas na música e na arte a tentar sobreviver no meio dessa pandemia. A distância é essencial, mas a comunicação é essencial também pra fortalecer a mente, das pessoas que precisam às vezes ver um trabalho diferente, principalmente a galera da cena underground. Tem gente da cena que gostaria de estar muito no rolê vendo bandas desconhecidas. Então a gente buscou produzir as lives dentro das normas. A gente se preocupa pra caramba e as lives foram a melhor solução além de fazer os trabalhos e tentar pagar as contas, divulgar também os trabalhos que a gente gostaria de ver em execução aqui.
SF: Como você estão encarando as reaberturas graduais das cidades, do mercado, empresas e tal? Dá pra olhar com bons olhos essa liberação?
Olha, mano, é muito difícil falar. Primeiro porque todos nós temos que sobreviver trabalhando. No começo eu não gostei não, acho que foi um bagulho muito emocional. Não teve um estudo, nenhum preparo, afinal de contas a gente não tem nem ministério da saúde. Olhando pra essa questão, agora a gente vem aos pouquinhos vendo que a galera tá se preocupando, usando máscara (alguns, nem todos), se prevenindo, andando com álcool em gel e olhando pra frente. Eu acho daora ir devagarzinho, se tá viável, se tá controlado, aí eu acho legal. Com bons olhos mesmo eu vejo só a possibilidade da gente poder voltar a articular nossos trabalhos e poder sobreviver. Isso se fosse uma coisa bem mais planejada, se o ministério da saúde conseguisse se organizar e passar as fórmulas de como a gente poderia se manter, por exemplo.
SF: E o estúdio já voltou às atividades e se sim, como estão sendo as medidas de proteção para os clientes e bandas nesse primeiro momento de reabertura?
A gente tá funcionando "normalmente" sim, através de agendamento né mano, com toda a preocupação de horários e afastamento. A gente se preocupa pra caramba com as bandas, com as pessoas. O lance de visita é todo controlado de acordo com o que manda nas normas. Eu estou limitando o acesso de visitante de bandas, a galera avisa quantas pessoas vem, se tá tudo bem pra colar e tomar uma cerveja, aí a gente organiza o espaço de acordo com isso. Tá sendo legal, a gente tá vendo que as pessoas tão tomando coragem, porque sabem que precisam fazer seus trabalhos. Tem muita gente que vive a música como um sonho. E trabalhar com o sonho das pessoas nunca foi fácil, né irmão? A gente tá feliz em alguns pontos e estamos construindo uma nova história. Então pra gente tá vindo bem devagarzinho. É ter fé e acreditar.
SF: Pra fechar, muito obrigado pela entrevista, Saya, seu "dinossauro", como você gosta de dizer! Conta pra gente se vocês estão com algum projeto pós quarentena (seja lá quando for isso) e deixa uma mensagem pra geral que tem colado e apoiado o estúdio de alguma forma.
Mano, planos futuros com certeza são os eventos, né. Nós temos muitos projetos pra desenvolver após a quarentena. A Raio no Gato produções junto com o Estúdio Preset está consolidando uma equipe daora, uma galera que vem somando e que eu quero agradecer demais: o Alexandre Russo Aragão, mais conhecido como "Camper maldito", Gilson Alves, um parceirão; Lucas Cravo por estar somando, o FX (Fernando Kikuchi) também, os dois zicas do urubu cagão (risos).
Pra galera que vem chegando e ensaiando aqui: galera, vocês são foda! Eu posso citar várias, mas é nome pra caramba pra ficar falando. Eu só tenho carinho e respeito por todos aqueles que vem somando com o Estúdio e com a produtora. Um salve geral!
Estou bem feliz com o lance que virá depois da pandemia. A gente tá pensando no lance artístico, das bandas, esperamos que a gente possa somar dentro da cena independente, multiplicar mesmo. Vamos organizar lives e continuar fazendo do Preset o nosso cantinho da zona sul pra trabalhar, relaxar e se sentir em casa. E pra galera que quiser somar, bora gente! Colem no estúdio, chamem no Whatsapp, seus dinossauros!
Em nome do Estúdio Preset e da Raio no Gato Produções, eu, Saya Belangier, agradeço demais o apoio de todos que tão vindo, porque os tempos estão difíceis, mas eu espero que até o final desse ano, 2020 traga uma resposta feliz pra gente poder queimar uma carne e poder registrar esse momento aqui no estúdio. Tamo junto, um ótimo dia para todos os reis e rainhas! Fui, dinossauro!
SERVIÇO
Estúdio Preset Rua Padre José de Anchieta, 918 - Santo Amaro - São Paulo/SP
Telefone: (11) 97965-9615 | (11) 98269-0004
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